A sexualidade humana é
única entre os seres vivos. No entanto cada individuo tem suas próprias
características. Nós humanos temos muito em comum nesta esfera e no entanto não
há nada mais pessoal. Está em nossas mãos e ao mesmo tempo somos regidos por
forças maiores que nós. Um bom exemplo disto é o homossexualismo.Esta claro que
não se escolhe a orientação sexual. Quem tem homossexualidade nasce com ela. O
que se escolhe é a expressão desta tendência. Por exemplo, por razões
religiosas o individuo pode escolher não atuar sua homossexualidade. Ainda sim
estamos diante de uma sexualidade normal.
Sexualidade envolve o
desejo, a preparação e o cuidado do corpo e da mente, a cultura de nosso meio e
de nossos pais, a atração física, a admiração, a idade, enfim, tudo o que
envolve a escolha de nosso parceiro. Também fazem parte da sexualidade as
palavras ditas e ouvidas, o olhar, o cheiro, o toque, o ambiente, “o clima”.
Por fim, o prazer, seja com a penetração, a masturbação e tantas outras formas
de auto e hetero-estimulação,até o orgasmo e o relaxamento. A sexualidade
normal não deveria ser acompanhada de culpa, ansiedade ou compulsão.
A masturbação em geral
é um precursor normal na criança e no adolescente da a maturidade sexual do
adulto. Não há atividade sexual mais discutida, condenada e universalmente
praticada. Quase todos os homens e 75% das mulheres a praticam. Portanto é
sexualidade normal, exceto quando foge do controle do individuo que não
consegue adaptá-la às situações sociais e apresenta perda de desempenho em suas
atividades.
Por fim, e não menos
importante, faz parte da sexualidade normal do ser humano o amor. Uma pessoa
capaz de dar e receber amor com pouco ou nenhum medo e conflito tem a
capacidade de desenvolver um relacionamento efetivamente íntimo. E intimidade é
o fator essencial do relacionamento maduro. Muitas pessoas sofrem por não
conseguir integrar o amor em sua sexualidade. Isto as deixam incompletas pois
impede o comprometimento e a intimidade, diminuindo sentimentos de adequação e
auto-estima.
Sexualidade Anormal.
Qualquer dos transtornos que vamos descrever a seguir podem acontecer
isoladamente ou com outros transtornos.
Transtorno do desejo
sexual:
Pode acontecer com homens e mulheres, caracterizando-se por diminuição ou
ausência de desejo sexual, alem de aversão e fuga do contato sexual.
Transtorno da
excitação sexual:
Na mulher é muito comum, muito relacionado à culpa, ansiedade e medo. No homem,
também conhecido como transtorno de ereção, impotência ou disfunção erétil, as
causas podem ser orgânicas, psicológicas ou mistas. Em homens jovens e de meia
idade são mais de natureza psicológica.
ATENÇÃO: Em homens que
têm boa ereção ao se masturbar, pela manhã ou eventualmente com outras
parceiras que não a habitual, as causas orgânicas estão praticamente
descartadas. Portanto, EXAMES CAROS PODEM SER EVITADOS.
Também acontecem
transtornos eréteis pelo uso de certos medicamentos e drogas.
Transtornos do orgasmo:
A anorgasmia é o retardo ou a inibição freqüente do orgasmo seja durante o
coito ou a masturbação. Numerosas são as causas, e o mais comum em mulheres são
medo exacerbado de gravidez, da rejeição do corpo, de danos à vagina, além de
culpa e hostilidade dirigida ao parceiro. No homem a anorgasmia ocorre por
perda da atração sexual pela parceira, pressões quanto ao seu desempenho
sexual, ejaculação retardada - esta muito comum com o uso de certos
medicamentos. Pode acontecer também por razões psicológicas, depressão,
ansiedade, déficit de atenção. As mulheres também tem retardo ou inibição do
orgasmo por efeito colateral de certos medicamentos.
O termo ejaculação precoce é usado no caso do homem quando este atinge o
orgasmo muito antes do tempo desejado, impedindo um prazer maior do casal.
Preocupações com o desempenho, ansiedade, medo da parceira são as principais
causas deste problema.
Transtornos sexuais
dolorosos:
Dispareunia é a dor genital durante ou após o ato sexual sem uma causa física.
Muito mais comum em mulheres mas pode ocorrer em homens, em geral associada a
tensão, medo, abuso ou estupro. A dor não é fingida, é real e o ato sexual é
desagradável ou insuportável.
Vaginismo é a
contração involuntário a vagina interferindo na penetração e no ato sexual.
Expressões Anormais da
Sexualidade (Parafilias).
Estes comportamentos podem variar da quase normalidade até um comportamento
destrutivo para a comunidade que vive o doente. São as mais importantes:
Exibicionismo: Gostar de se exibir-se para o parceiro é normal e parte do
ritual sexual. Mas o impulso recorrente, em geral no homem, de expor os
genitais a um estranho ou pessoa desavisada, em geral mulher, caracteriza o
transtorno sexual exibicionista.
Fetichismo: O uso de objetos como sapatos, luvas, roupas, meias é muito
comum como parte da vida sexual normal de muitas pessoas. Mas quando uma pessoa
se interessa mais por um objeto em si do que pelo parceiro e não consegue obter
prazer sem o uso de tais objetos, ele apresenta um transtorno sexual
fetichista.
Frotteurismo: Quando o namorado esfrega o pênis contra as nádegas da namorada
vestida durante um “amasso”, isto faz parte, é normal. Mas se o individuo faz
isso em situações de aglomeração (ônibus, metro, shows) e este ato é a única
fonte de prazer, estamos diante de um transtorno sexual frotteurista.
Pedofilia: Em nossa cultura, abordar sexualmente um criança até 13 anos é
crime. Assim, ter impulso ou excitação sexual recorrente dirigida a crianças é
um transtorno sexual pedófilo. Esses pacientes em geral chegam ao médico
trazidos pelo cônjuge, pela pressão da comunidade ou por ordem judicial.
Masoquismo Sexual: Levar um tapinha, uma mordida ou um apertão pode fazer parte do
universo sexual de muitas pessoas normais. Mas pessoas que não conseguem ter
prazer com outra modalidade sexual que não ser espancado, humilhado, queimado,
amarrado, seja de maneira real ou imaginária, sofre de masoquismo sexual.
Sadismo Sexual: É o outro lado da moeda e é transtorno quando é a única forma
de obter prazer. Muitas vezes é tão grave que aparece relacionado com estupro e
assassinato.
O sadismo e o
masoquismo com freqüência aparecem juntos de modo que casais sado-masoquistas
por vezes invertem os papéis.
Voyeurismo: Olhar e ter prazer vendo a namorada se despir ou fazer um
“strip-tease” é parte do universo sexual de muitas relações normais. Mas quando
o individuo só tem prazer e só busca ou se preocupa com o observar pessoas
desavisadas ou não, nuas, se despindo ou vestindo ou tendo relação sexual, ele
sofre transtorno sexual voyeurista.
Escatologia por
telefone ou internet: Ter conversas
eróticas com seu parceiro por telefone pode ser muito estimulante para sua vida
sexual, mas quando os telefonemas ou mensagens obscenas são uma preocupação
constante e exacerbada, dirigida a uma pessoa desavisada, estamos diante de um
transtorno sexual escatológico. Esta prática, hoje em dia muito freqüente pela
internet, até permite encontro e relacionamentos reais e duradouros. No entanto
é especialmente perigoso para crianças e adolescentes abordados por pedófilos
que se utilizam da ferramenta para encontrarem e molestarem suas vítimas.
Parcialismo: Alguém pode se sentir atraído pelos pés de sua amada ou pelo
tórax robusto de seu amado. Mas quando alguém fixa toda sua atenção sexual em
uma parte do corpo excluindo as demais, estamos diante de um parcialismo. É
considerado uma parafilia já que o individuo não consegue relacionar-se com a
outra pessoa como um todo.
Há ainda tantas outras
parafilias quanto a mente humana pode criar e que você deve ter notado não
foram abordadas, mas está claro que o essencial das parafilias é a fixação em
uma modalidade sem abertura para outras possibilidades, além das práticas
criminosas.
TRATAMENTOS
Foram descritos vários
transtornos da esfera sexual. Cada um apresenta um tratamento especifico
envolvendo vários medicamentos, terapia de base analítica e comportamental. O
psiquiatra é o profissional mais indicado para abordar o paciente do ponto de
vista farmacológico e terapêutico. Particularmente o apoio do profissional
especializado tem ajudado muitos casais a resolverem e melhorarem suas vidas
sexuais.
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