Muita gente vai concordar que comer é um prazer mas para tantos
alimentação é um martírio. Temos que nos alimentar com certa periodicidade, não
tem jeito! E receber tudo aquilo que o corpo necessita. A máxima “somos aquilo
que comemos” reflete a adequação daquilo que ingerimos, especialmente tudo o
que é conseqüência da modernidade, da grande produção de alimentos, e daquilo
que escolhemos para comer, muitas vezes baseados em aspectos sociais e
psicológicos.
Comportamentos prejudiciais ao indivíduos relacionados á
alimentação e ao peso são chamados de transtornos alimentares. Até 4% dos
estudantes adolescentes e adultos jovens apresentam algum transtorno alimentar.
Discutiremos os mais importantes.
Anorexia nervosa
Alardeada na mídia, esta doença atinge até 1% das adolescentes e afeta de 10 a
20 vezes mais as mulheres do que os homens. Muito freqüente entre bailarinas e
modelos, pessoas com anorexia nervosa (AN) recusam-se a manter um peso mínimo
normal para sua altura por temerem engordar ou por considerarem-se gordas
conforme uma imagem distorcida de si mesmas. Em geral apresentam um
comportamento muito peculiar, sempre envolvidas em atividades físicas ou
fazendo as coisas com muitos detalhes e agilidade na tentativa de gastarem mais
energia, ou manejando os alimentos repetidamente, cortando os em pedaços muito
pequenos, reposicionando-os varias vezes no prato etc. São pessoas muito
perfeccionistas e obsessivas, inclusive na infância.
A palavra “anorexia” significa falta de apetite, mas isto não é
o que se observa na AN. O paciente sente fome, mas diante da fome ele toma dois
possíveis caminhos: ou se impõe uma rigorosa restrição de alimentos mesmo com
fome, ou comem por vezes escondido e provocam vomito ou tomam laxantes e
diuréticos. “- Mas isso não é bulimia?” Na Bulimia nervosa o peso é normal ou
aumentado. Mas a palavra “bulimia” significa compulsão a comer, e pode
acontecer tanto na AN como na doença Bulimia Nervosa.
Por fim, a AN é acompanhada de ausência de menstruação por 3
períodos consecutivos ao menos (amenorréia), em mulheres que já tiveram sua
primeira menstruação. A amenorréia nem sempre está presente mas é muito típica
da doença.
Bulimia Nervosa
Mais freqüente que a anorexia nervosa, a bulimia nervosa (BN) é uma doença caracterizada
por compulsão alimentar em pessoas com peso normal ou excessivo também
preocupadas com sua forma e seu peso corporal. Em geral os pacientes fazem isto
de maneira inadequada e perigosa. Existem dois tipos, a saber, os que purgam
(vomitam, tomam laxantes e diuréticos) e os que não purgam e só têm o “comer
compulsivo”. Nestes pacientes a ingestão de alimentos ocorre em um período de
tempo limitado (até duas horas) em quantidade bem maior que a maioria das
pessoas. Eles descrevem que não conseguem se controlar, seja quanto á
quantidade ou o tipo de alimento.
Obesidade
A obesidade refere-se a um excesso de adiposidade corporal. O índice mais comum
de avaliação de obesidade é o índice de massa corpórea (IMC) que é calculado
dividindo-se o peso em quilos pelo quadrado da altura em centímetros. Embora
esse índice não reflita diretamente a quantidade de gordura, um valor entre 20
e 25 é considerado normal.
É simples explicar porque as pessoas engordam: ingerem mais
calorias do que gastam. Mas são várias as razões deste desbalanço, e os fatores
genéticos são os mais importantes. Os hábitos familiares e os comportamentos
aprendidos desde a infância relacionam-se com os fatores genéticos sendo
importantes determinantes da doença.
Nas sociedades modernas a diminuição da atividade física e a
facilidade na obtenção de alimentos também é um fator essencial para o aumento
da obesidade. Apesar de que quando iniciamos a atividade física aumentamos a
nossa necessidade de alimento, o mesmo não ocorre no sentido oposto. Um corpo
parado não necessita de muito menos alimento, e engordamos.
Outras causas importantes da obesidade são perturbações
emocionais e a maneira de lidar com elas, certas condições de saúde (como na
doença de Cushing) e o uso de certos medicamentos.
A obesidade tem vários efeitos sobre o individuo tanto em sua
saúde,m causando doenças cardiovasculares, hipertensão, diabete, apnéia do
sono, como psicológicas,como a diminuição da auto-estima, o isolamento social,
privação de atividades por vergonha, etc.
Tratamento
Os tratamentos para os transtornos alimentares envolve uma abordagem
abrangente. Médicos, terapeutas, nutricionistas, fisiologistas do exercício,
enfim, uma equipe. Em geral esta equipe é orientada por um dos profissionais
envolvidos muito freqüentemente o médico. A abordagem multiprofissional nos
parece a ideal.
O uso de medicamentos especialmente para a AN para BN deve ser
de responsabilidade do psiquiatra. Estas doenças são abordadas com medicação
especifica e psicoterapia analítica ou terapia cognitivo-comportamental. Na
obesidade o psiquiatra além do endocrinologista pode fazer o tratamento
utilizando medicamentos específicos para aumentar a sensação de estar
satisfeito com o que comeu (saciedade), diminuir a absorção de gorduras e diminuir
a fome. Além disso ele pode fazer uma abordagem psicoterapêutica, tentando
ajudar na resolução dos conflitos, na conscientização da doença, na mudança de
comportamentos alimentares.
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